PELOURINHO DE ALANDROAL
Esta não é uma nova edição do Alandroal Monumentoso, mas sim uma reposição, pois apareceram dados novos e de relevância, que podem ajudar a perceber como era o pelourinho de Alandroal originalmente.
A minha escolha vai para o Pelourinho de Alandroal, não porque seja um dos mais importantes do concelho, muito pelo contrário, é até talvez um dos monumentos menos conhecido até pelos próprios Alandroalenses, por isso a minha escolha. Dar a conhecer melhor o Pelourinho de Alandroal.
É pouco conhecido porque esteve "escondido" mais de 150 anos! E porque esteve escondido? É o que vou tentar explicar.
A História:
O Alandroal foi das terras que mais beneficiou no Século XIX com as invasões francesas e a posterior guerra civil, onde os Liberais levaram a melhor. Sabe-se também, que os Liberais derrubaram muitos dos pelourinhos por os considerarem símbolos de tirania e desde logo os Alandroalenses da altura tomaram partido pelos Liberais derrubando o seu pelourinho que inicialmente estava junto do edifício da Câmara.
O Alandroal como concelho começou a afirmar-se nessa altura, à custa de Juromenha, Terena e até um pouco de Vila Viçosa, que era Miguelista. Juromenha havia sido devastada com a explosão do seu paiol no século XVII, mais tarde e ainda a recuperar "levou" com as invasões francesas, perdendo inclusivamente Vila Real para Olivença e para os espanhóis. Terena presumo que ao continuar com o seu pelourinho intacto teria tomado a parte dos Miguelistas, contra a causa vencedora dos Liberais.
A guerra civil findou em 1834 e em 1835 foi feita uma divisão administrativa que em grande parte vigora actualmente. É claro que o Alandroal viria a ser grandemente beneficiado em detrimento dos concelhos vizinhos, tudo em virtude do seu apoio aos Liberais, apoio manifestado pelo derrube do Pelourinho.
Os despojos do Pelourinho de Alandroal foram depositados ao ar livre no interior do castelo, juntamente com outras pedras do antigo cemitério e ali esteve mais de 150 anos à mercê de qualquer vândalo. Só no principio deste século foi restaurado e aquando da requalificação do Rossio do Arquiz, e em 2005 foi colocado no sitio onde está actualmente.
Definição ( In-Wikipédia):
Os Pelourinhos são colunas de pedra colocadas em lugar público da cidade ou vila onde eram torturados e expostos criminosos. Os pelourinhos normalmente são constituídos por uma base sobre a qual assenta uma coluna ou fuste e terminam por um capitel.
Em Portugal, os pelourinhos ou picotas (esta a designação mais antiga e popular) dos municípios localizavam-se sempre em frente ao edifício da câmara, desde o século XII. Muitos tinham no topo uma pequena casa em forma de guarita, feita de grades de ferro, onde os delinquentes eram expostos à vergonha pública. Noutros locais os presos eram amarrados às argolas e açoutados ou mutilados, consoante a gravidade do delito e os costumes da época.
Localização:
Rossio do Arquiz, Alandroal
Composição:
Do primitivo pelourinho apenas subsistem o fuste e o capitel. A base completamente nova é composta por um plinto quadrado em granito, o fuste é em ardósia rectangular, o capitel apresenta a parte inferior em depressão côncava quase cilíndrica e é em mármore.
Apelo do editor: Se algum leitor souber de mais dados do que aqueles que disponho, agradecia a participação dos mesmos. Quanto a outros monumentos do Concelho, estou à também à espera de colaboração dos conterrâneos desses monumentos, com fotos e ou textos.
Em baixo os novos dados, facultados pelo Sr. António Fontes Coelho, a quem muito agradeço a colaboração:
Imagens do verdadeiro Pelourinho da Vila de Alandroal.
««Como se constata quer ao nível da base, quer do capitel o Pelourinho reimplantado junto ao Castelo, no Largo do Arquiz, não corresponde no seu todo á traça original, o que é de lamentar, vivamente .
Outrossim, o local não corresponde ao da sua implantação que era, exactamente, no espaço fronteiro ao edifício da ex-Cadeia, actual Posto de Turismo.
Subsidiando o interesse de quantos se dedicam ao estudo e divulgação do património histórico edificado do nosso Concelho acrescentarei que em 11 de Outubro de 1933 foi publicado o Decreto-Lei nº. 23122 que no seu preâmbulo contem, e passo a citar: "Os pelourinhos, que em Portugal são mais símbolos de autonomia regional do que locais de tortura, estão em regra menos deturpados (este diploma legal refere também os Paços do Concelho), embora abandonados pelas municipalidades, e até pelo Estado, que apenas tem classificados 33 de entre os de mais valor artístico. Nunca se atendeu ao seu valor histórico, assim como nunca se procedeu ao seu inventário. Apenas alguns estudos particulares se podem considerar como elementos, aliás valiosos, para o seu estudo e catalogação".
Decretada a classificação e inventariação para trabalho da Academia Nacional de Belas-Artes, na dependência da então Direcção Geral do Ensino Superior e das Belas Artes, surge assim a inventariação do Pelourinho do Alandroal, cujos fragmentos se encontravam na posse da Câmara Municipal.
Estranhamente não consta no Catálogo dos Imóveis Classificados, Monumentos Nacionais, Imóveis de Interesse Público e Valores Concelhios, editado em 1975 pela Direcção-Geral dos Assuntos Culturais, no Ano do Património Arquitectónico Europeu»»
Como podem constatar a principal diferença está na base, que deixou de ser em degraus.
9 comentários:
Onde está escrito ou fotografado a dizer que o Pelourinho estava em frente à antiga Cadeia?
Era provável, que Pelourinho estive-se frente à Câmara, ou mesmo até provavelmente perto da cadeia, no espaço mais próximo, que era de onde saiam os condenados e humilhados pelo Povo?
O ser provável é uma coisa e o dizer-se que estava é outra.
Terá alguma lógica ter estado implantado algures onde hoje é a Praça, mas no entanto ninguém pode afirmar exatamente o local, devido ao facto de não haver registos escritos ou fotográficos.
E quanto aos desenhos são simplesmente uma proposta de um arquitecto da Direcção de Serviços Regionais de Monumentos do Sul feitos em 1986 (não significa que realmente a base tivesse aquela configuração)
Concluindo, é preciso ter-se algum cuidado quando se fala na configuração e localização do antigo Pelourinho do Alandroal, quando não há certezas acerca disso.
Caros "anónimos".
Até onde consegui "chegar" nada mais encontrei "escrito" e/ou "desenhado/fotografado" senão o que, com todo o gosto, facultei ao Manel.
Todavia, para além dos escritos ou das ilustrações não esqueçamos os ARQUIVOS DA MEMÓRIA - tão ou mais importantes que os primeiros.
E foi assim, num arquivo de memória, que obtive os seguintes dados:
"Sabe, ali em frente da cadeia onde estão as retretes,havia um Pelourinho. Tinha três "escadas" em pedra e uns "ferros" lá em cima. Estava ali também uma árvore muito grande. Parece-me que era um salgueiro.(Ipsis Verbis)".
Abraços para todos.
António Fontes Coelho
E era ali que ele devia ter ficado e não no arquiz (é uma opinião e não uma obrigação)
Na minha modesta opinião, há duas coisas pelo menos com que não concordo!
1ª - A localização onde está implantado. Teria muito mais lógica, estar em frente à Câmara ou eventualmente em frente ao Posto de Turismo
2ª - Quase de certeza que a base era diferente da que lá está e feita também com outro material
São tudo ideias que simplesmente valem o que valem, está onde está e na minha modesta opinião, muito bem!
O comentário das 16:25:00, de 18, elucida, claramente, que a base era diferente da actual.
Para BOM ENTENDEDOR meia palavra basta.
Do Alto da Maria Pontinha
LEVEM O PELOURINHO PARA O VOSSO QUINTAL, MAS QUE TRETA.
Postar um comentário