O Alandroalense João Cardoso Justa tem vindo a fazer um estudo sobre os primórdios do Alandroal, defendendo que a mítica cidade de Lacóbriga "jaz" sobre a atual Vila do Alandroal. O seu primeiro estudo culminou na publicação de " A Cidade do Endovélico", que o Alandroalandia irá aqui publicar em tempo oportuno.
Agora o Alandroalandia vai publicar o seguimento desse estudo e as implicações e efeitos colaterais das atuais obras do castelo no património histórico do Alandroal, segundo defende o João Cardoso Justa.
Por uma questão editorial, o estudo vai ser publicado em dias diferentes. Aviso desde já e porque o defensor desta tese está identificado, o leitor que queira fazer contraditório terá de o fazer identificado.
A Cidade do Endovélico
Agora o Alandroalandia vai publicar o seguimento desse estudo e as implicações e efeitos colaterais das atuais obras do castelo no património histórico do Alandroal, segundo defende o João Cardoso Justa.
A Cidade do Endovélico
Lisboa/Janeiro/2013
Caros alandroalenses:
Após a resumida
publicação (o suporte/blog assim o exigiu) do estudo a que procedi sob as
remotas origens desta surpreendente caixa de segredos, que a Vila do Alandroal
e a região envolvente escondem, e nela defendi que parte da mítica cidade de
Lacóbriga jaz sob os seus alicerces, passei os três meses deste último Verão a
pretender confirmar no terreno o que os documentos indiciavam. Desta diferente
forma de ler, deste olhar pelas evidências que, em abundância, continuam a
pejar os nossos solos, assim como das surpreendentes descobertas que deles
emanaram, vos quero dar conta, pois são vocês, para que tenham perfeita
consciência de quem sois (somos), os primeiros destinatários das matérias que
investigo.
Numa fase posterior,
pelo interesse documental/científico e, portanto, pelas possibilidades
argumentativas que encerram, aqui divulgarei os documentos e as ideias que não
me foi possível incluir na referida publicação.
Alandroal, 10 de
Fevereiro de 2013 / duas e meia da “matina”.
Leio o texto anterior
(delineação de intenções) sem saber como lá incluir a perturbação que hoje, ao
visitar o Castelo (não havia qualquer placa de proibição, senhores polícias do
ex-IGESPAR e seus colaboradores) se apoderou de mim. Tenho, desde que na
infância “trambolhei” das suas muralhas, uma especial ligação com a “alma”
destas pedras, e dói-me particularmente, como coisa física, o “sacrilégio” com
que o estão a mutilar, a adulteração criminosa, a descaracterização do seu
misterioso corpo e da fantástica história que pulsa, esperando pela sua
verdade, sob os ancestrais alicerces. Assim, agora com outro distanciamento, sem
a paixão da surpresa de tão brutal acto, e sobretudo, com outros elementos de
análise, vejo-me obrigado (sem prejuízo dos objectivos que havia delineado) a
voltar a esta triste página, escrita por gente sem um mínimo de cultura ou
sensibilidade, que conspurca o livro da nossa verdadeira história e destrói o
que devíamos preservar, tirando paralelamente, proveito da sua divulgação.
Desta vez (para que não
se repitam as alegações à minha fértil imaginação), fá-lo-ei pelas palavras de
outros, estes sim, historiadores encartados.
ANTÓNIO REI
“Os castelos entre o
Odialuiciez e o Odiana (713-1298)”
« É possivel, no
entanto, que no local onde ele se ergue (o Castelo do Alandroal) ou nas suas
proximidades, tenham existido previamente outras construções, das quais terão
sido aproveitados alguns materiais, para a edificação do actual castelo, e que
apresentam características morfológicas que remetem, um para o
período islâmico; e outos dois para
o período visigótico.»
«Este
castelo continuará a ser, seguramente, um manancial de informação por explorar,
ao nível, por exemplo, das estruturas construídas e da metrologia das mesmas»
FRANCISCO SOUSA LOBO
“Alandroal, Terena e
Juromenha : três sistemas defensivos.”
Castelo do Alandroal
«Chegou aos nossos dias
em razoável estado de conservação depois do restauro a que foi sujeito há umas
dezenas de anos. A relação com a envolvente, no entanto, muito alterada, pois a
Lagoa que existia a sul do castelo» ( Lacobriga – Lago+Castelo) «foi enxuta com
o andar dos séculos e aterrada há muitos anos. Era uma situação inédita em
Portugal esta, do castelo protegido parcialmente por um obstáculo aquático.
Tinha por certo grande beleza aquele local, cujo encanto chegou até hoje, mesmo
tendo perdido o lago que se desenvolvia na fachada Sul. Como memória dessa água
abundante, que constituía quase um oásis no coração do Alentejo, permanece a
fonte da vila, belíssima construção do sec. XVIII »
MANUEL INÁCIO PESTANA
“Reflexões
históricas sobre a sua importância e antiguidade”
“Alandroal, terra
antiga desde quando?”
«Estas palavras escritas
na informação do prior Bento Ferrão Castelo Branco para as Memórias Paroquiais
de 1758 que confirmam o que ainda
hoje se pode dizer, ou seja, QUE HOUVE UM ANTIGO ALANDROAL,
ANTIGO DO TEMPO DOS ROMANOS, BÁRBAROS (Visigóticos/Alanos) E MOUROS. POVOAÇÃO EXISTENTE
E REGIÃO HABITADA POR POVOS ANTIGOS, CUJAS MARCAS AINDA PERDURAM…»
«Provada
a sua antiguidade medieval pelas referências que ao seu termo territorial se
fazem no foral de V. Viçosa de 1270, no de Èvoramonte de 1271, considerado
mesmo em tempos de idêntica qualidade de municípios, instituído e consagrado
por seus vizinhos moradores, ACREDITAMOS QUE AINDA MAIS REMOTOS VENHAM AS SUAS
ORIGENS. A propósito de um primeiro foral – Afonsino talvez (D. Afonso
Henriques) – Fazemos mais adiante algumas considerações para sustentar tal
hipótese. Lembramos aqui, para reforço dessa antiguidade do concelho
alandroalense, as palavras do autor do desenvolvido artigo publicado na Grande
Enciclopédia Portuguesa e Brasileira cujas reflexões se nos afiguram muito judiciosas
: ……….
Alandroal, que existia já em 1270 como povoação, que tinha termo
próprio, era certamente já um concelho (sem foral ou com foral que se perdeu –
não importa) concelho com que partiram ou foram partir os de Vila Viçosa,
Juromenha, Terena, não um reguengo, até pelo senhorio da Ordem de Calatrava. »
« No enunciado do foral
manuelino pode ler-se – Foral da villa do
allãndroal dado por el Rey dom affonso o
primeiro…
«As pesquisas arqueológicas, que muito se deseja venham a efectuar, confirmarão a existência anterior
neste lugar de outra ou de outras edificações, casas, templos, ou fortaleza.
Peças incrustadas já referidas por António Rei são sinais destas suspeitas
(recordamos que Túlio Espanca também já havia
referido a existência de vestígios visigóticos). »
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