Tal como ontem prometi, segue hoje a parte II da tese do João Cardoso Justa sobre a "Cidade de Endovélico". Pode ver aqui a 1ª parte: Cidade do Endovélico - Parte I
... Continuação,
Assim, para quem tem
acompanhado esta problemática, porque a sente, porque tem consciência da sua
importância patrimonial/turística, e sobretudo genética, fica o Verbo destes
historiadores a latejar nas paredes do incompreensível. Como é possível, tudo
este manancial de questões, não ter sido acautelado quando da elaboração de tão
fatídico projecto? Como, e por quem, foram feitas as sondagens arqueológicas de
tão sensíveis terrenos? Com que sentido de responsabilidade, o ex-Igespar
aprova uma barbaridade destas (uma carta, eminentemente corporativa,
atabalhoada, dirigida pessoalmente a mim, com o endereço de minha casa, e
publicada no blogue Al Tejo, não apaga tanta incompetência (espero que o
moderador deste blogue explique, onde o publicou e com o mesmo destaque, este
gravíssimo abuso).
Contudo, e infelizmente, existem mais responsáveis, de uma distinta
responsabilidade é certo, mas não menos gravosa, e até, mesmo mais obscura. Existe
sempre uma profunda falta de verticalidade, de carácter, um bafo a coisa
desleal, em quem, sabendo a verdade, a cala. Passo a explicar – Onde fui eu
recolher os extractos dos textos destes historiadores? Nenhuma investigação fiz
(ainda) obectivamente sobre o Castelo.
Pois, para minha surpresa, todos esses
escritos constam do livro “Castelo do Alandroal, VII Séculos”, uma feliz
publicação da Junta de Freguesia do Alandroal!!!
Assim, é pois possível, e
justo, perguntar ao Sr. António João Fontes Coelho, a quem se deve esta
publicação enquanto presidente da Junta, e um curioso desde há muito pelo
fenómeno histórico, se mandou elaborar o referido livro, e não o leu???...
Enquanto andei por estes blogs a falar sozinho
(!), porque não se dignou escrever uma única palavra sobre a evidente
antiguidade (muito anterior ao D. Dinis) do nosso castelo e nem uma única acção
esboçou para impedir o crime que praticavam ao destruir as provas desta
evidência?? É pois, também possível, e justo, perguntar ao Dr. Luís Fernando
Camões Galhardas, que, segundo creio, coordena um conjunto de personalidades
que estudam os forais do concelho, se não sabia da existência do Foral Afonsino
(D. Afonso Henriques), o que apenas pode provar a pré existência de um castelo
mouro ( não vejo que outro assunto mais interessante possa suscitar o estudo
dos forais). Porque não escreveu, o Dr. Luís Fernando, uma única palavra, nem
esboçou um só gesto enquanto destruíam provas absolutamente decisivas para os
estudos que dizem efectuar??... É pois possível, sabendo-se que tudo isto está
escrito no citado livro dos VII séculos do Castelo, e justo, perguntar ao Dr.
Domingos Boieiro, que nele colaborou, se não tinha uma palavra, um gesto, para
denunciar tal situação.
Contudo, talvez não seja possível, saber que
pensamentos correram pelo historiador António Rei, que os técnicos que
acompanharam a obra trouxeram ao local, ao olhar o enorme rasgão que as
máquinas abriram num dos pisos de tijoleira, possivelmente a antiga mesquita. O
que sente um cientista, ao ver perante
os próprios olhos a destruição do seu elemento de estudo? Certamente não sentiu
o silêncio a que se remeteu. E o Dr. Fernando Branco, que também, segundo
creio, faz parte dessas personalidades estudiosas dos forais, o que sentiu?
Nada??...
Pois aqui têm o
resultado da ignorância de uns, da incompetência de outros, e do silêncio de
todos :
Màrmore!!! O
arquitecto, segundo parece muito em moda, “espetou” com uma escadaria de
mármore (!) nesta entrada (sob a qual se prolonga o antigo (ou antigos)
cemitério. Se não existia arte pimba, aqui está um autêntico pioneiro.
Nesta esquina, por
teimosia dos técnicos (alegando servir para datação da torre sineira que, se
sabe exactamente, quando foi construída, ficou mais uma estela funerária que
poderia figurar entre a colecção das raríssimas estelas que o Alandroal agora
dispõe. Ficou cimentada!!
Sob esta vala e este
chão estão dois pisos em tijoleira (um destruído), variadíssimas campas,
fundações de construções indeterminadas e um largo e forte muro em xisto que
nunca foi explicado.
Degrau, modernista
também…
Janela exterior (virada
para o antigo Hospital), “entaipada” com uma chapa de mármore!!!
Nova entrada do
Castelo. Mármore!! Sob uma placa de cimento estão sepulturas antiquíssimas, de
tal forma que os ossos estavam petrificados!
Segundo me informaram,
o Castelo vai ficar fechado com portas. Contudo, não pude confirmar tal
informação.
Desta porta, onde o
historiador diz: «Porta da vila que devia ser reabilitada criando uma
circulação pelo caminho de ronda do cerco, presentemente interrompida na zona
da antiga porta e barbacã.»
O sr. arquitecto fez
isto:
Seguindo o seu
“magnífico” sentido estético e “preocupação” histórica, “entaipou-a” também com
uma grossa placa de mármore e degrauzitos a condizer…
Outros exemplos desta
“requalificação” do Castelo aqui poderia documentar, mas, estes, parecem-me ser
suficientes para demonstrar aquilo que, desde o início da obra, resultava óbvio
– Não houve a mínima preocupação, a mais elementar pesquisa, quanto àquilo que
deveria ser absolutamente prioritário ao intervir no interior de um castelo – a
sua História!!! O arquitecto decorou-o a seu belo prazer (felizmente não se
lembrou de forrar a torre) com uns laivos de mármore, os responsáveis da
autarquia acharam “girissimo”, interessantíssimo, futurista, “chiquérrimo”
mesmo, e o o ex Igespar (que há poucos anos, e muito bem, não deixava colocar
uma única pedra de mármore nas casas circundantes) aprovou esta vanguardista “obra
de arte” que espezinhou, tudo assim o leva a deduzir, milhares de anos de uma
história que, para além da antiguidade desta terra, será fundamental aquando da
verdadeira localização da mítica Lusitânia (Lusos do Anas – Lusos do Guadiana),
mas disso falaremos mais tarde.
Assim, meu amigo
Castelo, lamento informar-te que essa “treta” ética que tens cravada nas tuas
pedras – “Quem de ti se fiares, não o enganes. Lealdade sobre todas as coisas.”
– está ultrapassada, e tu, nem nos netos daqueles a que tantas vezes guardaste
as vidas, podes confiar. Sabes, com isto do “desenvolvimento”, os valores são
outros, e a tua mensagem, meu velho, essa sim, não passa de conversa fiada.
Abraço a Todos
João Cardoso Justa
12 comentários:
Quero ver como os técnicos profissionais agora descalçam esta bota... Isto é de uma incompetência total!!! E nesta terra tudo acobardado e caladinho... Lindo!!!!
Boa noite,
Vários comentadores tentaram aqui e na parte I deste estudo, contradizer a visão do escritor, é claro que esses comentários não entraram, pois como avisei inicialmente e é também, politica deste espaço proteger os todos os que se identificam, sendo assim, todo o comentador que queira fazer o contraditório do que está escrito, terá de o fazer identificado.
Manuel Varandas.
Caro João,
os meus parabéns!
Muito pertinentes o teu texto. A "marmorização" do castelo é terrível.
abraço
Não sou historiador embora me interesse desde sempre por esses assuntos. Leio pois com curiosidade este folhetim em que se transformou a obra do castelo do Alandroal, e parece-me que se algumas dúvidas existiam quanto à razão que assistia ao sr. João Cardoso justa neste assunto, as palavras já escritas por historiadores de nomeada e que ele agora oportunamente trouxe aos olhos de todos, esclarecem de vez este assunto. É um crime inqualificável o que fizeram! Essa da Lusitânia ser Lusos do Anas, é uma teoria curiosa. Espero que a desenvolva. Revejam a obra enquanto é tempo, aquela ideia da mármore é uma coisa horrível!!
Cumprimentos
Não entendo, Rosinha, essa tua política, então os comentários que são a favor podem entrar sem se identificar, os que são contra não podem?! Afinal onde está o direito ao contraditório? Porque é que quem não ofende não pode expor a sua opinião como anónimo? Porquê essa protecção ao sr. Cardoso que já vimos bem que se sabe defender, e atacar, muito bem? Porquê essa tua cumplicidade, contra quem nem tu nem ele podem julgar o trabalho? Eu percebo que em alguns casos, e para algumas pessoas, outros interesses se sobrepõem às supostas amizades, mas, por favor Rosinha, de ti não esperava, mesmo tendo em atenção a tua conhecida orientação política!
O Alandroalandia protege todos os comentadores identificados, é essa a politica do blogue, não há exclusividade para ninguém. Qualquer leitor, comentador, editor... que se identifique de forma verídica, o contraditório só será possível de forma também identificada.
Rosinha.
Anônimo disse...
Quero ver como os técnicos profissionais agora descalçam esta bota... Isto é de uma incompetência total!!! E nesta terra tudo acobardado e caladinho... Lindo!!!!
28/02/2013 20:51:00
O grande problema caro comentador é que os técnicos até podem ser profissionais, mas competência e experiencia para um trabalho deste calibre não tem, isso já se sabia antemão porque o historial ou currículo desta gente não é de todo desconhecido e de facto ouve por aqui quem alertasse, mas se duvidas havia, está á vista de todos principalmente dos minimamente entendidos a linda obra que ali está.
Quando um Município tem a dirigi-lo autarcas que escolhem para qualquer trabalho, os amigos e conhecidos dos amigos, sem qualquer tipo de cuidado na escolha, nem de preocupações com valores e condições apresentadas, não se protegem os interesses da Autarquia nem dos Munícipes.
Foi assim com esta requalificação, é assim com obras empreitadas, é assim com os espectáculos e aluguer de som e luz, que nem consultam empresas do ramo sediadas no Concelho, e assim andamos a mando e às ordens de uma só pessoa que tudo pode e faz como quer e lhe apetece.
Não foi em gente com este comportamento que eu e muitos votamos, acreditamos numa mudança que pelos vistos só existiu em campanha eleitoral, mas tudo se paga, o povo é sereno.
Um bom domingo para todos.
Não estou a perceber de que técnicos se está falar, dos que projectaram a obra ou dos andaram lá a escavar? É que uns não são responsáveis pelo trabalho dos outros!
Mas de que crime inqualificável o comentador das 15:41 de dia 1 se refere? Já ouviu mais opiniões, as do João Justa esclarecem de vez o assunto?! Deve estar a brincar!
As do João Cardoso? E as dos outros historiadores, se faz favor!!! Um deles afirma mesmo que se deveriam fazer cuidadosas escavações!! Os senhores arrasaram tudo, esconderam tudo e ainda têm o descaramento de atacar o rapaz porque tem a coragem de o dizer?? Não deitem areia para os olhos das pessoas!! Entendam-se, sejam humildes, e vejam o que ainda podem fazer pela nossa História!!
concordo que se devia investigar melhor as sepulturas que foram descobertas no quintal do relógio, mas não me parece mal que se use a pedra mármore para consertar o que estava destruído. Depois de ler o que um comentário disse noutro blog contei os blocos de mármore que estão metidos no castelo e desisti quando cheguei a trezentos. Aonde eu moro perto do antigo hospital as escadinhas tem todas a proteção dos degraus em pedra mármore. Não vejo aonde está a escandaleira. isso das sepulturas sim estou de acordo em que deviam ser melhor inspecionadas.
As sepulturas foram bem inspeccionados, esteja descansado. Foram fotografadas, filmadas, escavadas e desenhadas por pessoa creditada e competente, sabe-se o sítio onde estão e não há o perigo de serem adulteradas. Algumas ossadas foram retiradas para serem estudadas por quem de direito. E com a vantagem de tudo isso ainda poder vir a ser visto por todos. Nenhum profissional que se preze em arqueologia esconde o que quer que seja das populações. Aliás, alguma população mais idosa do Alandroal foi muito cooperante com os profissionais que ali trabalharam, falando de outros tempos em que se lembram de intervenções no castelo.
Não se deve falar do que não se sabe. Quando não sabemos algo o melhor é perguntar, tentar perceber, esclarecer as dúvidas. Não devemos duvidar do trabalho dos outros só por "dá cá aquela palha". "Não faças aos outros aquilo que não gostavas que te fizessem a ti".
Paz de consciência!
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