A rigorosa e inquestionável BBC fez um trabalho notável sobre o Montado Alentejano e que já passou na SIC.
Mostra-nos a riqueza que está à saída das nossas portas e muitos de nós nunca a vemos, ou melhor, vemos, mas não lhe damos a devida importância.
Esta reportagem, mostra espécies que são desconhecidas de muitos Alentejanos, outras só conhecidas pelo nome, mas que raramente se vêem e pela sua beleza e ou especificidade merecem toda a nossa atenção.
Aqui em baixo, deixo-vos o trabalho completo, divido em 5 janelas e com texto explicativo de Gilberto Ferraz.
ALENTEJO DA MINH'ALMA!
O Alentejo, ou melhor, os seus famosos montados sob o tema da cortiça, aliados a toda a sua riqueza - flora e fauna - foram recentemente foco da Televisão Britânica. Num brilhante documentário intitulado "Cork - Forest in a Bottle" ("Cortiça - Floresta Engarrafada"), da equipa do Mundo Natural da BBC, sediada em Bristol (oeste da Inglaterra), a quem se devem as maiores maravilhas cinematográficas da natureza e vida selvagem mundial, o montado da família de Francisco Garrett foi brilhante exemplo. E, com ele, o importante apelo internacional a favor da preservação da cortiça, principalmente a sua utilização em rolhas, cuja função, fabrico, e esterilização o documentário dá a devida ênfase.
Mais, apela para a maior utilização da rolha de cortiça, em vez da de plástico ou metal, a fim de que tesouros naturais como os montados, que tão importante papel desempenham no ecossistema, não se extingam para sempre. Isto significa que a crise do sector, verificada no início de 2000, em que sofreu quase ¼ de perdas, não pode - nem deve - ser repetida!
Embora a extracção da cortiça, no seu habitual ciclo de nove anos, cujas qualidades do sobreiro, entre elas o facto de ser a única árvore do mundo em que a casca pode ser removida sem aquela ser sequer danificada e cujo odor é-lhe tão peculiar, represente um relativamente longo período de tempo, a vida dos, e nos montados, continua incessantemente. Indústria iniciada há 300 anos, e que normalmente emprega 6000 pessoas, a preservação e manutenção dos sobreiros exige regular atenção, como ficou bem patente neste documento filmado, principalmente em relação às indispensáveis podas, a fim de os manter a 2/3 metros de altura, a gestão do montado, legado de várias gerações da família e seguida por Francisco Garrett que salienta ter herdado a dedicação e amor do avô, em termos de preservação da flora, muita dela também rara, assenta bem, como afirma no ditado do ramo: "Vinhas das minhas; olivais dos meus pais e montados dos meus antepassados!"
A ênfase na raridade tanto da fauna como da flora é constantemente mencionada no decorrer deste inolvidável trabalho, o que mais as valoriza e, sobretudo, nos deve honrar.
No capítulo da flora, citam-se particularmente os narcisos peticoat e a utilização do tremoço como planta leguminosa. Neste capítulo, devido à natureza do seco solo, Francisco Garrett salientou o importante papel do tremoço, que semeia generosamente a fim de manter o solo húmido e mais rico. Este, um valor acrescentado para a abundante fauna que ao montado recorre e nele procura recriar-se.
Com mais de 100 diferentes e raras espécies, principalmente de aves, que ao montado emigram para procriar, como é o caso dos extremamente raros cegonha preta e milhafres pretos, a primeira única na Europa e que por isso é uma ave protegida em Portugal. A estes, acrescente-se a garça, que, proveniente do norte da Europa, ali emigra no inverno às dezenas de milhar e cuja chegada resulta numa barulheira infernal, o morcego-ferradura, único na Europa, caracterizado pelas largas e estreitas asas, compreensivelmente objecto de estudo dos cientistas Tiago Marques e Helena Reino, e a águia-serpente, assim chamada devido à sua predilecção alimentar por aquele réptil.
A abundante bolota, porém, é a principal razão do habitat tanto da cegonha preta como do porco alentejano preto, que não a dispensam. O mais interessante é como a anterior a come. Sem a engolir, parte-a meticulosamente para a ingerir em seguida.
Ao montado, porém, recorrem outros animais também raros, nomeadamente o lince ibérico, estes únicos na Europa, a raposa vermelha, como, ainda, a coruja-bebé, devido à feição juvenil, as raras salamandras, sem excluir os regulares rouxinóis e pica-paus, entre muitos outros.
Tudo isto, salienta o documentário, em imagens inesquecíveis, fazem do Alentejo, que o comentador, Monty Don, destacada figura da jardinagem britânica, assemelha à superfície do Condado de Gales (oeste da Inglaterra), um verdadeiro paraíso, também enriquecido por abelhas a proporcionar magnífico mel.
Montado, paraíso natural alentejano, graças ao eterno e majestoso sobreiro, provedor da cortiça que protege e retém principalmente o vinho, mas, acima de tudo, uma preciosidade a proteger a todo o custo para bem da sua flora, mas especialmente da sua rara fauna. Por tudo isto, e com o devido pedido de desculpa ao GRANDE Francisco José(que, infelizmente, já não nos pode ouvir) , aquele "Alentejo da minh' alma"... mais perto te vais chegando!
3 comentários:
Boa Rosinha!
temos que ver todos este vídeo!
Abraço
Fernando Mtal
percebo pouco destas coisas mas ando aqui triste porque só consegui ver o final do documentário emitido pela Sic e agora ando à procura de quem me valha.Haverá por aí quem tenha gravado e me faça o favor de vender uma cópia?TLF. 234811214 em período laboral ou paulo.silva@cires.pt Obrigado.
Experimente a perguntar no http://www.gforum.tv/
Ai de certeza que lhe enviam um link onde pode sacar ou comprar.
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