Pois é, num comentário sobre as Festas de Setembro o M. V. lembrou-me de um pormenor interessante. Comprar roupa nova para a festa!
Era todos os anos o mesmo "ritual", os nossos "velhos", alargavam sempre os cordões aos bolsos, para que nós estivéssemos "apresentáveis" no Domingo de Procissão.
Mas houve um ano que me ficou mais na memória que todos os outros, o ano do grande incêndio da Baixa Lisboeta.
Eu, P.T., Zé T. e Loca, num dos últimos sábados de Agosto, fomos apanhar na altura o 1º expresso privado a Borba, com destino a Lisboa.
Na altura ainda não havia Colombos nem Vascos da Gama, mas havia o encanto dos saldos dos grandes Armazéns do Chiado, Grandela ou mesmo ali ao lado a famosa Sapataria Charles, ou a minha loja de desporto favorita, situada em plena estação do Rossio.
Ali fizemos as compras, depois de termos bebido um cafézito sentados com Fernando Pessoa. A seguir veio o almoço, uma espécie de bitoque, servido num restaurante “baratucho” mesmo em frente da Estação do Chiado. Sitio que por sinal, lá voltei anos mais tarde várias vezes, por imperativo da minha profissão.
Findo o almoço e depois de um dos elementos, ter adquirido numa das bancas do passeio do Rossio um exemplar da revista pornográfica mais popular da altura, decidimos ir de táxi conhecer a famosa Feira da Ladra.
Ali sim, tínhamos feito bons negócios, senão tivéssemos gastado já parte do dinheiro na Baixa. Ainda assim num negócio dito da China, comprámos entre todos 11 pólos Lacoste. Dois para cada um, mais alguns de sobra para o Neco, irmão do Loca. Na altura e depois de bem negociados, saíram a 1150$00 cada. Mas foram comprados os 11 por “atacado”.
Nunca mais voltei á Feira da Ladra, nem sei onde é, mas não deve ser muito longe da Baixa, pois entretidos deixámos passar a hora do expresso e a única maneira de voltar era de comboio. Depois de umas informações, descemos ali 2 ou 3 ruas e ficámos no Terreiro do Paço, onde apanhámos o barco para atravessar para a outra margem.
Já na margem sul, apanhámos o comboio até Évora. Ali chegados à 1 da manhã, já não havia ligação para Vila Viçosa àquela hora, outro táxi até ao Alandroal. Ficou cara toda a “brincadeira”.
Dois dias depois e já a cheirar a festa, eis que vi na televisão toda a Zona da Baixa/Chiado a arder. Todas aquelas lojas onde tínhamos andado dias antes estavam a consumir-se pelas chamas, para nunca mais tornarem a abrir, até hoje.
Mas em relação ás compras ainda nos assolava uma duvida! Será que as nossas Lacoste seriam verdadeiras? O veredicto viria já durante as festas.
O Sr. Monteiro, homem experimentado nestas coisas das marcas, fez a prova dos nove. É que além do crocodilo, do saco oficial da marca, o Sr. Monteiro dizia que o pólo para ser genuíno, teria que ter uma etiqueta na parte de dentro do colarinho a dizer, “ La chemise francaise”. E não é que as maganas tinham!
Um comentário:
Daí tu pensares que não foste enganado! OK
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