terça-feira, 28 de junho de 2011

ALANDROAL MONUMENTOSO


O ENDOVÉLICO

Esta 11ª edição do "Alandroal Monumentoso" estava destinada a dar a conhecer melhor o Castelo de Juromenha, não fica esquecido, mas em semana do Festival "Por terras do Endovélico", até me ficava mal não falar nesta divindade, que tão importante foi nesta região no período pré-romano e romano.

O Deus Endovélico foi uma divindade importantíssima e com interesse histórico relevante, mas nem por isso é muito conhecido, até entre os Alandroalenses. Muito por culpa dos poucos vestígios encontrados até à data, sabe-se que existiu e que foi erguido um grandioso templo para sua devoção no São Miguel da Mota, junto ás margens da Ribeira do Lucifecit ( Terena - Alandroal ).

O Wikipédia descreve-o assim:

Endovélico é uma divindade da Idade do Ferro venerada na Lusitânia pré-romana. Deus da medicina e da segurança, de carácter simultaneamente solar e ctónico, depois da invasão romana seu culto espalhou-se pela maioria do Império Romano, subsistindo por meio da sua identificação com Esculápio ou Asclépio, mas manteve-se sempre mais popular na Península Ibérica, mais propriamente nas províncias romanas da Lusitânia e Bética.

Endovélico tem um templo ( destruído) em São Miguel da Mota, Alandroal , e existem numerosas inscrições e ex-votos dedicados a ele no Museu Nacional de Etnologia. O culto de Endovélico sobreviveu até ao século V, até que o cristianismo se espalhou na região.

In- Wikipédia
Estátua descoberta em 2002 e pensa-se ser o torso de Endovélico.

No programa das Festas de Setembro de 1957 (Festas em honra de Nª Srª da Conceição do Alandroal), saiu um texto da autoria de Mariana Pereira, editado pela Casa do Concelho do Alandroal; bem revelador da importância do Templo Endovélico:

"Nos arredores da Vila, onde hoje é a herdade de S. Miguel da Mota e houve uma ermida em honra do santo do mesmo nome, está provado ter existido um templo pagão, fundado 340 A.C., em louvor dum Deus chamado Endovelico na linguagem dos Lusitanos e que talvez referir-se a Cupido. Frei Bernardo de Brito, o célebre historiador alcobacense do século XVII, autor da Monarquia Lusitana, refere-se à seguinte história relacionada com o templo em questão.

Mahasbal, ilustre cidadão de Cartago, conseguiu dominar parte da Lusitania. Foi depois a oriente da Península impor autoridade sobre uns rebeldes e ao voltar, desembarcou em Vila Nova de Portimão. Quando ali se encontrava, aportou uma nau de gregos que então estavam em luta com os cartagineses, mas Mahabal submeteu-se e fê-los seus escravos.

Meses depois, dirigiu-se ao norte a pretexto de conhecer a província que ocupava e, quando passava nos arredores do Alandroal, adoeceu gravemente. Consultados os agoureiros, estes disseram-lhe que o deus Endovelico estava irado contra ele por causa das desgraças que tinha infligido aos gregos, que devia restituir-lhes a fazenda e levantar um templo em desagravo do mal que praticara. Assim foi. O templo levantou-se e lá dentro foi posta uma imagem do deus, feita de prata e com asas nos pés.

Noutras memórias antigas, encontrei referência a uma inscrição que foi levada daquele lugar e esteve na Capela-Mor da Igreja da Senhora da Boa-Nova em Terena e que dizia que o templo aos deus Endovelico tinha sido levantado em virtude dum sonho que teve a filha dum importante senhor romano chamado Quinto Sidónio.

Quer desta ou doutra forma, o que parece é que foi uma construção maravilhosa. Há notícia que o Duque de Bragança, D. Teodósio mandou dali levar alguns mármores que foram aplicados no frontispício do Mosteiro dos Agostinhos em Vila Viçosa, outros apareceram na já citada Igreja da Senhora da Boa-Nova e outros, segundo a lenda, serviram a D. Henrique, filho do rei D. Manuel, na construção do Colégio do Espírito Santo, hoje Liceu de Évora.

O Dr. José Leite de Vasconcelos fez várias pesquisas no local e de lá levou esculturas, asas, cipós, inscrições, fragmentos e objectos de barro e moedas que se encontram actualmente no Museu Etnológico de Lisboa.
Numa dessas asas há uma inscrição que representa um ex-voto dedicado ao deus, como se lê:

«Consagração ao deus Endovélico.
Marco Fannio Augurino a fez
A este deus que ele teve como
Propício.»"

Conjunto escultórico descoberto em 2002, nos alicerces da Igreja do Sº Miguel da Mota.


Por ultimo, há ainda quem advogue que na idade do ferro, já os Lusitanos eram devotos a Endovélico, mas o seu local de culto seria uns quilómetros mais acima, também junto ao Lucifecit, na imponente Rocha da Mina, de que já aqui falei.

Rocha da Mina


No próximo Alandroal Monumentoso, será dado então protagonismo ao Castelo-Fortaleza de Juromenha.

2 comentários:

Anônimo disse...

Alandroal Monumentoso, Alandroal Histórico.

Varandas disse...

Ao comentador " Um amigo do Alandroal, mas farto ".

Essa "guerra" não tem nada a ver com o Alandroal Monumentoso, nem como Endovélico, por isso o seu comentário não vai qui entrar. No entanto como é uma opinião e não ofende ninguém, digo eu..., se quiser pode comentar o assunto, mas numa outra postagem.

Rosinha.