quarta-feira, 29 de outubro de 2008

VIAGEM NO TEMPO E NA MEMÓRIA




ALANDROAL TERRA MINHA

Numa conversa sobre memórias do Alandroal, um jovem que sente muito estas coisas desta terra falou-me que o pai tinha um jornal muito antigo. E que se chamava “qualquer coisa do Alandroal”.

Ao que eu lhe disse, seria a Voz do Alandroal? Talvez, disse ele.

Logo argumentei, que esse jornal não era assim tão velho como ele pensava, pois eu havia sido Director desse tablóide.

Qual quê! Aquele jornal é do tempo que tu ainda nem falavas, quanto mais escrever! Disse-me logo ele.

Volvidos cinco dias, trouxe-me o dito. E qual não foi o meu espanto, ver um jornal que nem era assim tão antigo, mas do qual eu nunca tinha ouvido falar.

ALANDROAL TERRA MINHA, era o nome dessa publicação. Um jornal da Casa do Concelho do Alandroal (?).

Segundo apurei posteriormente, este era o segundo de três exemplares que foram editados na época. Um em 1973, este de Setembro de 1974 e o outro teria sido editado em 1975.

O Curioso, é que este “documento” histórico, foi editado 5 meses após o 25 de Abril de 74 e continha várias reivindicações para a população do Alandroal e algumas delas ainda se mantêm actuais, se medirmos as distancias no tempo e no progresso.

Se não vejamos, só por alguns itens do sumário:

- O Futuro do Pais e da Nossa Terra está na Educação.
- A Escola ao Serviço do Povo – melhor ensino oficial.
- As Casa de Habitação no Alandroal – falta de condições e envelhecidas.
- A Saúde, o Espelho de uma Política – medicina preventiva.
- ...

Outros títulos que ainda não li:

- Passou um ano.
- A arte também é educação?
- Os que querem e não podem e os podem e não querem.
- A terra deve ser de quem a trabalha. ( Estávamos no pós 25 Abril, né?)
- De uns para os outros.
- Cooperativas agrícolas.
- Reacções e... Reacções.
- Os Portugueses em África
- Anoitecer
- Poesia popular
- Noticias.

De salientar ainda que o Alandroal Terra Minha era impresso na Évoratipo.

Tinha como Redactores, António J. Fontes Coelho, António J. R. Galhardas, A. J. Neves Berbém, Luis F. B. C. Galhardas, José M. B. C. Galhardas e Vicente S. M. Roma.

E Colaboradores, Augusto Toucinho, Inácio Mira, Francisco M. R. Tátá, J. A. Silva Baptista e José Lino F. Lopes.

Ainda que este exemplar tenha sido editado com 34 páginas, dá para notar que na altura era mais fácil arranjar publicidade que actualmente, pois 12 dessas 34 páginas eram anúncios a mais de um centena de casas comerciais.

Um comentário:

francisco tátá disse...

Amigo Rosinha, Bôa Malha!
Nem fazes idéia das voltas que eu tenho dado para encontrar os três exemplares do Alandroal Terra Minha, e as pessoas que tenho contactado para mos emprestarem na intenção de transcrever alguns artigos que aí foram colocados. E o mais interessante é que eu tenho as revistas; só que as guardei tão bem que estou farto de dar voltas e não as encontro.
Como vês já nessa altura eu tinha o "bichinho" da escrita.
Já agora e para que conste: o primeiro número saìu antes do 25 de Abril e mexia de tal maneira com o poder institítuido que os Directores foram chamados ao Governo Civil e todos os colaboradores foram chamados à Câmara para serem repreendidos e ameaçados pelo então Presidente (Coitado cumpria ordens lá de cima).
Qualquer dia conto-te mais coisas sobre esta revista e como ela "mexeu" na altura com a ordem vigente.
Obrigado por este momento de regresso ao passado.
Um abraço
Chico Manel