Agora depois das festividades da Páscoa e de um merecido descanso, vamos à prometida retrospectiva da I MOSTRA GASTRONÓMICA DE PEIXE DO RIO.
A Mostra findou à pouco mais de uma semana, mas começou ensombrada pela silhueta da ilegalidade. Tudo por causa da data escolhida, de 20 a 28 de Março.
E é por aqui que eu vou começar também, até porque fui várias vezes instado a fazê-lo através de comentários que aqui surgiram. Mas na altura, para não prejudicar o evento e os comerciantes envolvidos nele, achei por bem não o fazer.
Era voz corrente na altura que a organização não tinha escolhido bem a data para o evento, por estarmos no período do defeso que protege as espécies que dão fundamento à Mostra. E de facto assim o atesta a lei da pesca de águas interiores:
« Fica expressamente proibida a pesca, por todos os processos e nos períodos abaixo mencionados, das seguintes espécies:
e) Achigã, carpa, barbo, boga e tenca - de 15 Março a 31 de Maio inclusive. A abertura da pesca das espécies mencionadas é antecipada para o dia 15 de Maio, mas somente para a pesca desportiva ».
No entanto os Concelhos de Alandroal e Elvas estão abrangidos pelo Regulamento da Pesca nos Troços Fluviais Fronteiriços entre Portugal e Espanha, que diz no seu Artigo 4.º, « É autorizada a pesca com cana, ou linha de mão, a todas as espécies piscícolas, durante todo o ano, com excepção da truta. »
O dito regulamento diz que se pode pescar no Concelho do Alandroal, nas zonas fronteiriças durante todo o ano, desde que se cumpram as medidas dos peixes e não se faça a sua comercialização.
Perante estes factos temos de admitir que a data escolhida não foi a mais feliz, foi de facto uma "gaffe" que ensombrou o certame, mas não podemos considerar que a Mostra em si foi uma "gaffe".
Esta primeira Mostra, revelou alguns aspectos positivos e em primeiro lugar gostaria de salientar a própria ideia. A ideia de "fazer render o peixe"!
Quando nós procuramos associar uma actividade económica ao Concelho de Alandroal, capaz de suportar uma feira económica, torna-se muito difícil arranjar um produto regional capaz disso, o concelho de Alandroal para além da muita diversidade, não tem a quantidade suficiente para ombrear com concelhos vizinhos nos diversos produtos aqui criados. Tais como vinho, queijo, mel, pão, enchidos, pedras ornamentais...
Mas temos um rio, Guadiana-Alqueva, e só quem tem rio é que pode ter "PEIXE DO RIO", é portanto uma matéria-prima natural e exclusiva dos concelhos ribeirinhos. Muitos outros concelhos são incapazes de "fabricar" esta matéria-prima! Se nós a temos e outros não, temos de a fazer render.
Outro factor que me pareceu positivo, foi o facto da Mostra se ter ramificado pelo Concelho, numa tentativa de levar os visitantes as várias partes do Alandroal. Mostrar todo o Concelho.
Os dados estão lançados, futuramente há que melhorar e a margem de progressão é grande, a Mostra não se pode ficar só pelos restaurantes, terá que haver outras actividades paralelas que ajudem a crescer o certame, alguns espectáculos musicais, concursos de pesca, colóquios relacionados com o tema, lançamento de um livro com receitas de peixe do rio, exposições de artefactos de pesca tradicional etc... Os visitantes terão que ter uma maior oferta.
Por ultimo e voltando ao principio e ainda o problema do defeso, porque até talvez fosse a melhor altura para a realização da Mostra, há uma forma de contornar a lei sem a violar, criando uma Concessão de Pesca Municipal no Guadiana! Resolveria todos os problemas da captura do pescado.
Vídeo SIC com reportagem sobre a Mostra:
4 comentários:
Pelo que eu percebi e confesso que não me considero nem muito inteligente nem muito letrado, é que pescar à rede é proibido e se não sou cego, a imagem do amigo Martins é pescar à rede!
O que o amigo Martins faz ou não faz é lá com ele, que já é homem crescido, o que não está certo é um qualquer município organizar um evento que incentive a ilegalidade!
Topa Tudo
Ilegal mas legal...
Assinado: Mónica
AS COSTELETAS NO PIÇARRA
Parece que a I Mostra Gastronómica de Peixe do Rio no Alandroal teve um êxito relativo.
Ainda bem.
Mesmo que eu não tenha provado as caldetas, o peixe frito, ou qualquer outra forma de " o amanhar ", fico contente por assim ter acontecido. Talvez para o ano que vem me toque alguma coisa. Importante, agora, é emendar a mão e evitar as anomalias que aconteceram este ano.
E sobre peixe estamos conversados, porque eu quero é falar de carne. Até porque, nas margens do rio que dá o peixe, se come muita carne, como todos nós muito bem sabemos.
Quero falar das costeletas que um grupo de " mânfios ", sempre que estavam mais aboletados de dinheiro, comiam na taberna do Sr. Piçarra.
Era um grupo pequeno, seis ou sete elementos, ou nem tanto, quase todos permanentemente tesos.
( a despesa recaía constantemente sobre o mesmo, diga-se ).
Chegavam as cinco, seis horas da tarde, e lá estava este grupinho sentado na sala dos fundos, petiscando as tais costeletas, que vinham grelhadas, simplesmente, ou então panadas à moda da casa, com camadas sobrepostas de pão ralado.
Uma delícia, só vos digo.
A malta juntava-se por volta da chegada da " Estelleza " das cinco da tarde, e depois logo se via quando acabava. Nessa época bebíamos mais cerveja ( Sagres, pois então ). Agora é mais vinho tinto por causa das próstatas, é que isto da idade não perdôa.
Todo o grupo andou pelas Guerras Ultramarinas : Guiné, Angola, Moçambique, Timor.
E dois já morreram.
Os sobreviventes, agora, quando se encontram, fazem conversas deste tipo :
" - Então como estás da perna ? "
" - Olha, vou andando ! "
" - Vamos beber um copo ? "
" - Não posso. Já não bebo. "
" - Atão e cigarros ? "
" - Tché ... nem vê-los. "
Estamos todos assim. E o que abriu este caminho foram as costeletas do Sr. Piçarra, que Deus tenha.
Rosinha, podes enviar este comentário ao XPTO, para ele juntar ao acervo de " Recordações do Passado ".
Amadeus Saraband
Uma "semaninha" de porco preto, não era nada mau! e eu, que gosto mais de carne do que de peixe! já o meu avô dizia, "peixe não puxa carroça"
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