PENSAMENTO DO EDITOR - O NOVO JARDIM DAS MENINAS

Tenho visto a obra de remodelação do Jardim das Meninas avançar a " conta gotas", mas agora quer-me parecer que já falta muito pouco para chegar ao seu fim e a pergunta que se coloca no imediato é: Como é que a Câmara pensa aproveitar aquele espaço?

Diz-se em conversas de café e por gente com responsabilidade no assunto, que é para um novo posto de turismo ou para um quiosque de venda de produtos regionais, tudo boas ideias, mas que em nada ajudam à dinamização da praça.

A principal praça de uma vila, funciona como que um fórum natural de uma sociedade, onde se encontram gentes de todos os extractos sociais e se fala de tudo um pouco. Foi assim ao longo de séculos em todo o lado e é ainda assim em muitas vilas ao nosso redor, vá-se a Reguengos, Redondo, Vila Viçosa, Borba... E é ver as suas praças cheias de gente nas esplanadas, principalmente à noite.

A Praça da República em Alandroal, de há uns 10 a 12 anos para cá, até mete dó! Mesmo nas noites amenas de Verão, não se vê vivalma naquele local. Mas nem sempre foi assim, foi desde a morte do saudoso Arnaldo Passos, e o consequente encerramento do seu bar, que mesmo sem ser um local de eleição servia de apoio à praça e "segurava" ali os Alandroalenses, muitas vezes até de madrugada.

Se voltarmos então ao tempo da minha juventude, na mudança dos anos 70 para 80 do séc. passado, aquela praça era um poço de vitalidade, depois do jantar estava sempre apinhada de gente. Nós os gaiatos éramos sempre 30 ou 40 a brincar às escondidas, os mais radicais era a rebentar bombas, os políticos e os lavradores mais abastados, "perdiam" passos numa ponta à outra da gradaria da Câmara, na arca da fonte era a oposição, na quina da fonte era a "má língua", no Jardim das Meninas eram as senhoras a tomar conta das crianças e das belas adolescentes e lá ao cantinho das escadarias da cadeia, os hyppies, chamemos-lhe assim, e por fim nos bancos da praça e com os pés na parede da minha casa, a minha mãe desatinava com isso coitadinha, era a assistência.

Mas todos estes se serviam do Café do Balancé e do Café Central. Para aqueles que não se recordam o Balancé era um grande espaço de cafetaria e salão de jogos onde é agora a Caixa Agrícola e que fechou por doença de um dos proprietários, o Central passou a restaurante e já não era a mesma coisa, agora é aquilo que se sabe! O bar do Arnaldo apareceu mais tarde para colmatar a falta destes, mas com o seu desaparecimento nunca mais aquele espaço abriu.

Estou-lhes a contar tudo isto porquê? Porque se não existir um café, snakc-bar ou quiosque no perímetro da praça que sirva quem para ali quiser vir, nunca as pessoas se manterão ali tempo suficiente para uma conversa. O que faz com que a "nossa" praça apresente sempre um aspecto desolador e não tenha a vida que uma praça principal de uma localidade deve e merece ter.

O novo Executivo Camarário tem agora uma oportunidade singular para mudar esse estado de coisas. A zona foi toda remodelada, quer se goste ou não, atrai muita curiosidade e principalmente tem a oportunidade de com a remodelação do Jardim das Meninas poder implementar ali um bar que sirva de apoio a todos os queiram frequentar a "Baixa Alandroalense"! E assim revitalizar o centro da vila.

Com isto não estou a dizer que deva ser a Câmara a explorar o espaço, deve ser sempre por particulares, para que a concorrência seja leal.

Podem-me dizer: háaa... mas está ali a Maria perto. Pois mas Maria é um restaurante, é uma casa de que muitos nos orgulhamos, mas é um estabelecimento que trabalha diferente, que tenta captar outro tipo de clientes e para outras ocasiões.

Por isso o que se pede é que este executivo saiba aproveitar esta oportunidade de ajudar o Alandroal e ajudar-se a si próprio.