Na 9ª Edição do Alandroal Monumentoso, dar-lhe-ei a conhecer o 1º dos três castelos medievais do Concelho de Alandroal. No caso vai ser o Castelo de Alandroal.
Castelo de Alandroal, Porta Nascente.
O castelo medievalErguido sob o reinado de D. Dinis (1279-1325), de acordo com a inscrição epigráfica sobre uma das portas, a sua primeira pedra foi lançada em 6 de Fevereiro de 1294 por D. Lourenço Afonso, Mestre da Ordem de Avis. Uma segunda inscrição, no alçado Oeste da Torre de Menagem (hoje integrado na Sala do Tesouro da Igreja Matriz), informa a conclusão de sua edificação, em 24 de Fevereiro de 1298, sendo Mestre da Ordem, o mesmo D. Lourenço Afonso. Uma terceira inscrição, no torreão à direita do portão principal, datada críticamente entre 1294 e 1298, refere o nome do seu construtor, que se identificou apenas como "Eu, Mouro Galvo".
Em 1606, a maior parte das construções no interior da cerca encontravam-se arruinadas. No século XVIII, o conjunto perdeu a sua barbacã, demolida para dar lugar, no interior dos muros, às edificações dos novos Paços do Concelho e da Cadeia da Comarca.
Castelo de Alandroal com sua barbacã ( Pintura de João Paulo Galhardas )
Considerado como Monumento Nacional por Decreto de 16 de Junho de 1910, apenas na década de 1940 se procederam a obras de consolidação e restauro, principalmente a reconstrução de alguns troços de muralhas e a desobstrução da estrutura de numerosas casas que, ao longo dos séculos, se haviam adossado às muralhas.
CaracterísticasEm estilo gótico, o castelo apresenta planta oval (na qual se inscreve um pequeno bairro intra-muros), reforçada por três torres de planta quadrangular, nos ângulos, e uma sólida Torre de Menagem adossada à cerca. O portão principal (Porta Legal) é ladeado por duas torres quadrangulares, ligeiramente avançadas (para permitir o tiro vertical sobre a entrada), ligados por uma cortina e encimadas por ameias de remate piramidal.
A Torre de Menagem, de planta quadrangular, divide-se internamente em três pavimentos. A esta torre, adossou-se, ainda no século XIII, a Igreja de Nossa Senhora da Graça, que alterada posteriormente, hoje apresenta traços renascentistas, patentes particularmente na abóbada artesoada.
Castelo de Alandroal, com vista parcial dos 2 torreões ladeando a Porta Legal e no interior a Torre de Menagem e Torre da Igreja.Ao castelo, em posição dominante, associava-se a cerca da vila, de urbanismo muito simples, com uma única via (rua do Castelo) no sentido leste-oeste, flanqueada por duas portas. A principal, denominada Porta Legal, a leste, através da qual se acede ao adro da igreja, é constituída por um arco gótico com corredor, flanqueada por dois torreões quadrangulares ligados por cortina e encimados por ameias de remate piramidal. Parte daqui a única rua que atravessa o castelo e que termina na chamada Porta do Arrabalde, a oeste, com seteiras em mármore e também flanqueada por uma torre, onde no seu pé-direito, no exterior, foi gravada a “vara”, medida padrão à época, para a aferição das medidas utilizadas no comércio local.
Os estudiosos apontam ainda, como marcas identificativas da formação cultural islâmica de seu construtor, além da epigrafia anteriormente citada, uma janela em forma de ferradura numa das torres e semelhanças entre o sistema de torres deste castelo e as muralhas almóadas de Sevilha.
Fonte: Wikipédia
Para completar, a opinião do IGESPAR:«O castelo gótico do Alandroal é uma das melhores datadas obras de arquitectura militar do período dionisino, graças a duas inscrições, comemorativas do arranque e da conclusão dos trabalhos de construção. A primeira data de 6 de Fevereiro de 1294 (BARROCA, 2000, vol. 2, t.1, pp.1108-1113) e encontra-se sobre uma das portas da fortaleza. Por ela sabemos que o promotor do projecto foi o Mestre da Ordem de Avis, D. João Afonso, que colocou a primeira pedra nessa data. A segunda corresponde ao dia 24 de Fevereiro de 1298, sendo mestre da Ordem D. Lourenço Afonso, e localiza-se no alçado ocidental da Torre de Menagem (actualmente integrado na Sala do Tesouro da igreja matriz) (IDEM, pp.1140-1144).
No espaço de apenas 4 anos, procedeu-se, assim, à edificação do conjunto fortificado, informação que é preciosa para a caracterização da arquitectura militar ao tempo de D. Dinis, mas também para o reconhecimento do grande investimento que a Ordem de Avis efectuou, por esses anos, em castelos no Alentejo, de que são também exemplo os de Noudar e Veiros.
Mas esta fortaleza é ainda importante sob outros aspectos, nomeadamente quanto à identidade e formação cultural do seu arquitecto. Uma terceira inscrição, datada criticamente entre 1294 e 1298 (localizada no torreão direito da porta do castelo) refere expressamente o nome do responsável pela condução dos trabalhos, um homem oriundo da comunidade muçulmana e auto-intitulado «Eu, Mouro Galvo» (IDEM, pp.1114-1118).
Este letreiro tem sido considerado uma das mais importantes marcas mudéjares no nosso país e revela a existência de um albanil islâmico a comandar a edificação de um castelo, num tempo em que os inimigos não eram já, em primeira instância, as forças muçulmanas do Sul da península.
In- IGESPAR.
No próximo Alandroal Monumentoso veja o Castelo de Terena.