sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ALANDROAL MONUMENTOSO, ESPECIAL

Já esta semana, no Alandroal Monumentoso, falei aqui no pelourinho de Juromenha aproveitando o facto de se estar a discutir o Plano de Salvaguarda e Reabilitação da Vila de Juromenha, hoje inclusivamente há uma sessão publica nas instalações da Junta de Freguesia de Juromenha, pelas 21 horas, referente ao tema.

Ainda dentro desta temática, gostaria de lhes dar a conhecer um trabalho sobre o património de Juromenha, estudado pelo GTL - Alandroal ( Gabinete Técnico Local ), para o Plano de Salvaguarda.

Este trabalho reforça a ideia em como o Concelho de Alandroal, neste caso Juromenha, é riquíssimo em património histórico e arquitectónico, ainda que por vezes esteja ao completo abandono, como é também o caso. Por isso a importância de se aprovar e executar o plano que se está agora a discutir.

Imóveis representativos do interior da fortaleza de Juromenha:

IGREJA DA MISERICÓRDIA

A fundação da Misericórdia da vila de Juromenha data do século XVI, contudo a igreja actual não é desse período, mas posterior, pois a primitiva foi destruída na explosão do paiol em 1569 (ESPANCA, 1978, p.44).

A fachada principal é composta por um portal de ombreiras rectas em mármore, uma empena triangular e encimado por uma janela de arco de volta perfeita. Sobre a empena existe um campanário com decoração baseada em volutas de enrolamento (ESPANCA, 1978, p.44). No cunhal direito desta fachada pode-se observar uma pedra mármore, possivelmente de lavor romano (ESPANCA, 1978, p.44).

A igreja apresenta uma planta rectangular, com uma nave e abóbada de berço. A capela-mor possuí arco - mor e três nichos abertos na parede frontal (ESPANCA, 1978, p.44). Os altares laterais estão tapados ou sem os seus ornamentos.

O interior da igreja encontra-se, totalmente, arruinado e o seu espólio, completamente, saqueado, só restando a base do púlpito, que se encontrava deitada por terra no interior do espaço e ameaçada pela eminente ruína do mesmo. Por iniciativa do Gabinete Técnico Local, em 2003, foi removida, encontrando-se actualmente à guarda do Município do Alandroal.
IGREJA DE SÃO FRANCISCO

A igreja de São Francisco, que albergava a Ordem com o mesmo nome, encontra-se num deplorável estado de conservação e muito descaracterizada devido às obras realizadas pela Direcção Geral dos Monumentos Nacionais, nos anos 60 do século XX (PAJUR, 2000, p.19).

O imóvel de planta rectangular, não contém telhado, nem alçado esquerdo. Da Sacristia subsistem alguns vestígios de estuques e de pavimento de tijoleira (PAJUR, 2000, p.19). Na fachada principal resiste, ainda, a portada de vergas rectas marmóreas (PAJUR, 2000, p.19).


CADEIA COMARCÃ

A cadeia comarcã foi construída na século XVII (ESPANCA, 1978, p.37), mas hoje em dia, só resta o alçado esquerdo encostado a uma antiga torre, que remota ao período romano (PAJUR, 2000, p.20).

O edifício de dois pisos, dispõem de uma fachada principal com três janelas gradeadas de ombreiras rectas e cantaria marmórea (ESPANCA, 1978, p.37). Da mesma cantaria e traça é o portal, que seria o único acesso ao imóvel (ESPANCA, 1978, p.37). As armas reais, trabalho relevado em alvenaria, localiza-se entre os lintéis das duas janelas cimeiras (ESPANCA, 1978, p. 37).
No interior encontra-se meia parede coberta de mármore, em ambos os pisos (PAJUR, 2000, p.20). Os três lanços de escada, em mármore, dão acesso ao primeiro andar, onde existe uma sala com lareira e vários espaços para acomodação do corpo de guarda (PAJUR, 2000, p.20). Ao centro deste piso, permanece uma pedra de mármore quadrada, antigamente gradeada, que servia para observar os prisioneiros, que estavam no piso térreo. Este piso inferior era coberto até meio por mármore e a entrada deveria ser feita por uma porta aberta na parede e que acedia à porta principal (ESPANCA, 1978, pp.37-38).


CASA DA GUARDA

A casa da guarda, em conjunto com a Cadeia Comarcã e a Torre forma um ângulo recto, que se situava numa pequena praceta (ESPANCA, 1978, p.37).

O edifício, apesar de muito arruinado, mantém as proporções originais e é composto por dois pisos: o térreo, onde eram as cavalariças e o superior, local de aquartelamento (ESPANCA, 1978, p.37). As portas e as janelas são de linhas rectas e de xisto regional (PAJUR, 2000, p.20).


QUARTÉIS

Os quartéis, conjunto de casarios construídos, possivelmente, em seiscentos, mas que sofreram alterações arquitectónicas posteriores. Os imóveis, de arquitectura tradicional alentejana, são baixos, de traça simples, edificados em alvenaria e sem cantaria (ESPANCA, 1978, p.37). Algumas destas divisões terão sido utilizadas como estábulos, pelos habitantes da vila (PAJUR, 2000, p.25). O conjunto encontra-se em avançado estado de ruína (PAJUR, 2000, p.25).


ANTIGA CASA DO GOVERNADOR

Da antiga Casa do Governador restam, apenas, alguns vestígios que nos permitem ter uma ideia da sua imponência arquitectónica, como é o caso das grandes salas com arcos de volta perfeita e o vasto espaço que a edificação ocupava na vila murada (PAJUR, 2000, p.21).

O terramoto de 1755 destruiu por completo o edifício e D. José ordena a sua recuperação, sendo desta época os vestígios existentes (PAJUR, 2000, p.21).


CISTERNA

A cisterna pública situada no interior da cerca, encontra-se muito arruinada e em parte entulhada.

De planta rectangular, com três naves, três tramos e arcos de volta perfeita, apresenta boca, em tijoleira presa com argamassa, de forma quadrada, sendo caiada no exterior (ESPANCA, 1978, p.37).

No exterior, em redor da cisterna, existiria um abrigo para quem fosse buscar água, restando, actualmente, de pé a portada (PAJUR, 2000, p.21).


IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO LORETO

Fundação
A origem da Igreja Matriz remonta, provavelmente, ao período da reconquista definitiva de Juromenha, no século XIII.

A primeira referência existente sobre a igreja data de 1255, com o nome de Santa Maria, aquando do acordo assinado entre a Ordem de Avis, o bispado e cabido de Évora, à qual pertencia como paróquia, para repor os direitos tributários episcopais (ESPANCA, 1978, p. 40).

A Matriz sofreu algumas reconstruções, nomeadamente, quando se deu a explosão de 1659 e após o Terramoto de 1755 (ESPANCA, 1978, p. 40).

Quase todas as irmandades de compromisso que teve foram aprovadas eclesiasticamente, à excepção da de São João Baptista (ESPANCA, 1978, p. 40). As outras irmandades foram Nossa Senhora do Loreto (confirmada em 1603), São Sacramento, Almas Santas (reformada em 1763) e Nossa Senhora do Rosário (ESPANCA, 1978, p. 40).
Nas primeiras décadas do século XX foi abandonada ao culto e as suas insígnias paroquiais mudadas para a sufragânea e restaurada ermida de Santo António, antes que o seu desmoronamento sacrificasse os poucos valores sumptuários. (ESPANCA, 1978, p. 40).
Caracterização arquitectónica e recheio artístico.

Igreja gótica, ainda hoje apresenta alguns vestígios, como é o caso do portal do século XIII/XIV, situado no alçado lateral esquerdo junto à Torre Sineira, um gigante e parte da antiga fachada de alvenaria (PAJUR, 2000, p.13). No citado alçado esquerdo é possível observar-se o reaproveitamento de alguma cantaria granítica romana. D. Dinis, dedicou esta igreja Matriz a Nossa Senhora do Loreto, Virgem, que nesta época, estava a fazer muitos milagres (PAJUR, 2000, p.13).

Igreja Nª Srª do Loreto – Torre Sineira e cúpula

A nova portada quinhentista, de lintel e ombreiras rectas, encimada por uma Cruz de Avis em mármore da época, foi aberta lateralmente ao lado de uma já existente, localizada junto à Torre Sineira. Esta porta, em granito, tem marcada uma Cruz de Cristo e um Signum Salomonis. A antiga porta, do século XIII/XIV, apresenta características góticas e é, também, encimada por um Cruz da mesma ordem, em estuque (ESPANCA, 1978, p. 41).
No ano de 1659, uma explosão, com consequências desastrosas, abateu parte do corpo da Igreja, tendo que se proceder à sua reconstrução. As alterações construtivas são visíveis na capela-mor, principalmente, na cobertura raiada e na sua planta quadrangular (ESPANCA, 1978, p. 41). O restante corpo da igreja é composto por planta rectangular, com três naves, cinco tramos, arcos de volta perfeita e colunas toscanas. Em conjunto com a Matriz, a Torre Sineira, de planta quadrada com quatro olhais, atesta a avultada obra realizada.

O interior da igreja seria ornamentado com estuques, que cobririam, possivelmente, todo o templo. No século XVIII, quando o estuque foi aplicado na capela-mor e rodapés, os painéis de azulejos setecentistas foram destruídos. A decoração da abside, neoclássica, utilizou a técnica de ilusão tromp l’oeil na imitação das janelas (PAJUR, 2000, p.15).

As cinco capelas laterais, de setecentos, seriam revestidas com frescos, como é o caso do altar das Almas (segunda capela da nave direita), onde, ainda, subsistem partes dos frescos policromados representando as almas no Purgatório. Infelizmente, estas encontram-se em avançado estado de degradação.
Matriz de Nossa Senhora do Loreto, capela-mor – Foto Paulo Jaleco

Cada capela possuía os seus oragos, as suas alfaias religiosas e objectos de adorno. O altar de evocação a Nossa Senhora do Rosário, primeiro altar lateral direito, continha, somente, a imagem desta Santa e era cuidado pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário (PAJUR, 2000, p.15). Esta irmandade detinha, para o seu sustento, diversas terras e recebia esmolas para a sua festa, actos de caridade e sepultura dos seus irmãos.

O altar das Almas Santas do Purgatório, sito na mesma nave, era cuidado pela Irmandade das Almas (PAJUR, 2000, p.15). Frescos de São Miguel salvando as alminhas do Purgatório (ESPANCA, 1978, p.41) decorariam esta capela.

O altar do orago do Senhor Jesus, com imagens de um Santo Cristo, São João Evangelista, Santa Maria Madalena e um Senhor morto no túmulo situava-se na nave lateral esquerda (PAJUR, 2000, p.15). Não se sabe ao certo qual a irmandade que aqui se localizava, podendo ser a Irmandade do Santíssimo Sacramento (PAJUR, 2000, p.15).

Nossa Senhora da Soledade encontrava-se no altar da nave lateral esquerda, assim como a imagem de São Joaquim e um pequeno crucifixo (PAJUR, 2000, p.15).

A maior parte destas imagens foram levadas para a Igreja de Santo António, aquando da extinção do culto na Igreja Matriz, no século XX.

Igreja de Nossa Senhora do Loreto, Torre Sineira e Porta da Fortaleza – Foto Paulo Jaleco

E é todo este património que tem de ser restaurado!

10 comentários:

Anônimo disse...

E deve ser restaurado, mas pelas entidades próprias,o antigo executivo não teve arte para o conseguir, vamos ver se este tem, porque se tudo isto for restaurado á custa da autarquia,tem que se gastar o dinheiro todo só para os restauros e por muitos anos, é que falar é muito facil, e quando não se tem o minimo de conhecimento mais facil é, mas no Alandroal o normal é dar opiniões sem se saber de todo do que se fala.
Que é preciso ter por cá uma pessoa profissional no assunto, é verdade, mas só isso não resolve coisa nenhuma, sem dinheiro e muito não há restauros.

Anônimo disse...

Que eu saiba quem vai entrar é uma arqueoluga,que nada sabe nem tem que saber de restauros, mas é engraçado as voltas que se dão para se justicar o facto, que entre a Sra. que é competente e é da terra, já que noutras áreas, vem de Évora e outros sitios quando temos gente da terra competente e que vive no Concelho.
É o critério da cor e dos afilhados.

Anônimo disse...

Este presidente que muito acusou o seu antecessor, está a ter medidas lamentáveis, nomeadamente no tratamento aos funcionários.
É lamentável tratar uns por filhos e outros por enteados!
Mas um dia vai pagar aquilo que anda a fazer, não se esqueça disso!

Não é por acaso que um dia destes, em conversa de café, um apoiante do MUDA já dizia que o Grilo está pior do que o Nabais

Anônimo disse...

A ARQUEÓLOGA QUE NADA SABE???nem sequer tem que saber??? Chiça!!!
JUSTIFICAR O FACTO, QUE ENTRE A SRA. "QUE É COMPETENTE!!!

Mas que é isto?
O comentarista das 17,29 de hoje sente-se bem?
Tal escrita não o reflecte.

Estou este fim de semana mas, Domingo, vou embora PARA VOTAR contribuindo para a não ESCRAVIZAÇAO que resta do País.

Do Alto da Maria Pontinha

Anônimo disse...

Rosinha, não deixes estragar este belo post com conversas que não levam a lado nenhum. E parabéns pela pesquisa.

Anônimo disse...

VAI E FICA LÁ PELA PONTINHA OU NUM QUALQUER ALTO QUE ISTO AQUI É PLANICIE.PELOS VISTOS NÃO ÉS DE CÁ, QUAL É DE FACTO O TEU INTERESSE, DEVIAS ERA FAZER ALGUMA COISA LÁ PARA ONDE VAIS VOTAR, RESOLVA LÁ OS SEUS PROBLEMAS QUE NÓS POR CÁ RESOLVEMOS OS NOSSOS.

Anônimo disse...

Caro do alto de qualquer coisa, o Sr. não sabe portugues ou então não sabe ler e como tal não devia dar opiniões escrevendo, grite, faça o pino, mas não escreva disparates.
É que a pessoa não diz no seu comentário que a arquologa não sabe nada o que diz e bem é que um arquiologo não tem que saber de restauros, o que é verdade, ou será que quem faz restauros tem que ser arqueologo?
Pelos vistos o Sr. não sabe o que é uma coisa ou outra, antes de escrever por escrever leia e pense, se o souber fazer.

Do Alto do Castelo

Anônimo disse...

Meus senhores, escreve-se arqueóloga! E realmente rosinha deixaste estragar esta postagem que está tão bem escrita!

Anônimo disse...

ESTE DEVE SER UM DOS QUE NUNCA SE ENGANA,DÁ PARA VER QUE A PESSOA SE ENGANOU O QUE INTERESSA É O QUE DIZ E DIZ BEM.
DEVE TRABALHAR COM O GRILO, SÃO OS CHAMADOS SABICHÕES, OU ENTÃO É MAIS UM DOS DOUTORES QUE O ALANDROAL TEM.

Anônimo disse...

Rosinha, parabéns por este belíssimo artigo sobre o património de Juromenha. Continuação de um bom trabalho.
Conceição Roque